SEMINÁRIO COMUNIDADES VOCACIONAIS, TESTEMUNHAS CREDÍVEIS MENSAGEM FINAL
- Hnasmdro
- octubre 29, 2024
- Experiências MDR
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Viver à altura da vocação que recebemos, é o convite que nos interpelou ao longo de todo o Seminário “Comunidades Vocacionais, Testemunhas Credíveis”. Levamos mais perguntas que respostas, mas são perguntas mobilizadoras que nos põem em busca comprometida, que nos fazem arder o coração e abrir-nos à ação do Espírito. A Palavra esteve presente cada dia no centro da nossa Assembleia, e manifestou-se ademais por meio de diferentes vozes: a voz de Nadieska Almeida HC, de Ana Maria Dias, leiga que trabalha na Pastoral Juvenil, dos membros da Comissão de Cultura Vocacional da CLAR, dos jovens presentes no sábado, das irmãs e irmãos, leigos e leigas, dos grupos de vida e das vozes e rostos dos mais vulneráveis e sofridos que são atendidos pela Vida Consagrada em Santiago de Chile, com quem nos encontramos com um olhar contemplativo. Vozes que entreteceram o SEMINÁRIO Santiago do Chile, de 10 a 13 de outubro de 2024, Comunidades Vocacionais, Testemunhas Credíveis de Jesus: vocação que encanta na conversão no Espírito e levaram à luz instituições da Ruah Divina entre nós.
Escutamos uma forte exortação a “não deixar ninguém à intempérie”. As nossas comunidades estão chamadas a amparar na crise, a abraçar a humanidade e a vulnerabilidade do outro/a, em vez de perseguirem a sua debilidade e pô-la em evidência. Estamos chamadas/os ao cansaço sem tensão que dê a possibilidade a outros de descansarem. Trata-se de um cuidado mútuo para construir uma comunidade baseada numa cultura relacional que nos humanize. Uma comunidade vocacional torna-se o lugar da ternura.
Porque é que às vezes as nossas comunidades religiosas não são atrativas para as/os jovens de hoje? Provavelmente necessitamos de comunidades que se arrisquem mais pelo Reino, que vaiam contracorrente de maneira radical pelo Evangelho, que não cortem as novas gerações, que saibam combinar os carismas pessoais com os carismas institucionais, para enriquecer a vida. Que sejam capazes de deixar ir os antigos paradigmas que impedem a pessoa ser ela mesma e se determinem a ir para “Jerusalém” com Jesus, assumindo todas as consequências.
Possivelmente a Vida Religiosa já se perguntou, como o jovem rico: lhe faz falta? Mas na realidade, a pergunta hoje é: Que lhe sobra? Nos sobram as estruturas comunitárias insustentáveis para os tempos atuais, esquemas formativos que mais pretendem introduzir os/as formandas/os no “nosso molde” em vez de escutar o que estão a desejar viver; os privilégios outorgados, o lastre de um clericalismo ainda muito arraigado, que também impregnou a Vida Consagrada, o olhar suspeito sobre as novas gerações e a cultura atual, a parálises provocada pelos medos, a tibieza, a vida acomodada sem riscos, o infantilismo imposto na formação inicial, as lutas de poder, as competências e tudo aquilo que nos afasta dos vulneráveis da terra.
Necessitamos voltar ao EVANGELHO e tocar, como Bartimeu, os desejos mais profundos dos nossos corações e das/os jovens para recuperar Jesus, a vocação que encanta. O Espírito nos empurra a expor-nos à luz do meio dia, como a Samaritana, onde as sombras retrocedem e tudo fica iluminado: O instante eterno da Misericórdia de Deus. Aqui é a origem de toda a vocação.
Estamos chamadas/os a encarnar a compaixão de Deus no nosso mundo de modo radical, pois a vocação não se trata de algo, senão de TUDO. É uma experiência existencial, uma chamada totalizante. Por isso, toda a pastoral tem que ser vocacional. É uma questão de todas as etapas da vida. Cada um, segundo o seu momento vital, necessita de se encontrar de maneira pessoal com Jesus. Estamos realmente a propiciar experiências de encontro pessoal com Jesus ou nos estamos a anunciar a nós mesmas/os, às nossas instituições, aos nossos fundadores e fundadoras?
O acompanhamento vocacional ao longo da vida tem que gerar processos de cura, liberdade, evangelização, sororidade/fraternidade e compromisso histórico. Muitos jovens estão feridos e clamam por uma presença próxima que saiba escutar, compreender sem preconceitos, conter e estender a mão para levantar. Uma presença que confie neles e lhes proponha um modo de viver em liberdade, com autenticidade, autonomia e em serviço. Esta é a essência da pastoral juvenil vocacional e do acompanhamento na formação inicial na Vida Consagrada.
As nossas comunidades serão testemunhos credíveis quando estejam impregnadas de humanidade e no centro esteja Jesus e o seu Reino, donde prevaleça o acolhimento à vulnerabilidade e à diversidade, a escuta, o cuidado, a amizade evangélica e o profetismo. Seremos mais credíveis no nosso mundo diverso quando nos abramos a caminhar e a trabalhar com outras/os, fazendo caminho sinodal, tecendo a inter-congregacionalidade, e, sobretudo, como nos convidaram os jovens, quando nos falarem das suas feridas e das suas dores profundas: que cada religiosa, que cada religioso seja uma ponte de amor!
Participantes no Seminário de Cultura Vocacional,
Santiago de Chile, 10 a 13 de outubro de 2024