A SELVA E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Quando já viveste alguns anos dentro da selva na Amazónia Equatoriana e conheces algo do muito e grandioso que existe no seu interior: a frondosidade da Natureza, árvores enormes, algumas com flores ou frutas que desconheces, aves de muitos tamanhos, plumagens de cores e cantos com que se comunicam entre si. Animais como macacos, esquilos, antas, jaguatiricas, tartarugas, formigas tropas, enormes formigas conga, aranhas de vários tamanhos, borboletas de várias cores, sapos que cantam anunciando a chuva que cairá torrencialmente depois de um tempo e grandes sapos da terra que coaxam, anunciando seca por alguns dias. Cobras coral e outras com nomes desconhecidos, mas que talvez se metam entre os teus livros… entre os medicamentos ou no dispensário… ou mesmo invadam o teu pequeno quarto… Quando já partilhaste parte da tua vida com mulheres não tão elegantes, mas com uma sabedoria e um conhecimento de valores e respeito incalculáveis… Conheceste homens que trabalham debaixo do sol implacável, a carregar grandes sacos de café ou troncos, metidos no lodo, que pescam ou caçam à noite com lanternas, que partilham as suas preocupações ou problemas e lutam por levar adiante os seus filhos nas ribeiras desses grandes rios Amazónicos. Outros são colonos que chegam à selva com poucas coisas, mas procuram, no meio do desconhecido, um espaço para construir as suas casas para si e suas famílias, semeando pedaços de terra, com milho, café, cacau… e enquanto não sai o produto, vão comendo arroz às três refeições com banana cozida, com sorte se têm galinhas comem algo de carne ou um ovo às vezes repartido… e água de café. Gastam as suas vidas, esperando um futuro melhor, às vezes grandioso e outras desilusionante. Quando já viveste ou partilhaste a vida com estas famílias nesses lugares longínquos e empobrecidos…. Pensas: que pode fazer aí a Inteligência Artificial? Que pode ela mudar nesse universo desbordado por uma riqueza incomparável onde, se encontram muitas vezes, sem nada, nada do que buscavam… Poderá a dita Inteligência não humana, porque essa só Deus a maneja e a artificial … É artificial, manipulada, experimental, ocasional desconhecida. Poderá ela mudar a pobreza? O silêncio eloquente na noite, o tom dos cantos das aves, as cores da exuberante vegetação, o perfume das flores, o sabor de frutos desconhecidos, a acção curativa de muitas das plantas, a expectativa de animais caçados inesperadamente, os sentimentos de alegria nos momentos em família, as orações de petição ou gratidão pela vida, de tantas pessoas, famílias, crianças, voluntários, trabalhadores, homens e mulheres entregues a acompanhar a vida e a promoção destes Povos. Será que eles serão capazes de mudá-lo? Poderão evitar que o calor se acalme, que as chuvas parem para não danificar as cidades? Nas noites de luar poderão navegar as pessoas, surcar os rios, deter o tempo, engrandecer o bem, mudar as emoções? Tudo está por ver, mas eu suspeito que, por detrás de tanto, só há uma mão, só há um amor que nos foi dado, por ter segurado a pessoa sempre ao seu lado.

Irmã Elvira

Equador

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