A MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE

No passado dia 15 de setembro no Centro Social Flori tivemos o terceiro encontro anual de Análise da Realidade, organizado pelos dois grupos da Família Dominicana e Movimento Juvenil Dominicano (MDJ) ligados às Missionárias Dominicanas do Rosário e às Irmãs Dominicanas do Educação da Imaculada Conceição, com o tema: “A Moralização da Sociedade” que teve como facilitador Brazão Mazula, ex-reitor da Universidade Eduardo Mondlane de Moçambique.

Ao abordar o tema o autor levantou as seguintes questões: O que é moralização da sociedade? Atrelada a essa indagação prosseguiu, quem moraliza quem? Ou por outra, somos nós que moralizamos a sociedade ou é a sociedade que nos moraliza? Ao tentar esmiuçar recorreu-se da Sagrada Escritura citando LUCAS (4:43), onde anuncia a Boa Nova. Com isso procurava mostrar que somente existe sociedade por conta do outro, o individuo sozinho não é capaz de moralizar os outros, uma vez que estamos inseridos no cosmos como pessoa e também como parte integrante da sociedade. Para se falar da Moral que significa costumes, valores, Mazula colocou uma pergunta “Hoje não há valores?”

A sociedade é esse processo de construção e incide nas relações humanas e no funcionamento dessas relações. Por isso, moralizar a sociedade significa intervir nas relações entre as pessoas. Ao explicar a moralização da sociedade apresentou três fatores preponderantes: 1º Linguagem, uma vez que a linguagem é um meio de comunicação social, entre as pessoas. Esta pode salvar, queimar ou arruinar, quando usada de forma negativa. Por isso, um dos valores para moralizar a sociedade é cultivar uma ótima linguagem; 2º Cultura que representa a relação entre as pessoas da mesma sociedade e a cultura deve ser seguida, não se restringe a um território pois é dinâmica; 3º Estruturas da personalidade significa a relação de si com os outros indivíduos e outras culturas.

Ao discorrer a respeito de Nepotismo, nos adverte que é um dos graves erros que a sociedade moçambicana vem cultivando, nas palavras do autor: “Um dos grandes erros contra o valor é o de dar oportunidade a alguém por fazer parte da família, ou da igreja e esquecendo dos seus valores” (MAZULA, 2024). O trabalho deve ser dado pela competência e não por ser conhecido, visto que todos possuem os mesmos direitos. O autor falava dos anos 1977-1987, períodos das independências sobre sociedade e também do Homem Novo. Na época vigorava o regime materialista, a economia era centralizada, a ideia era: “O cabrito come onde estiver amarrado”. Ora, com os Acordos da Paz, assinados em Roma 1992, a economia de Moçambique ficou marcada pelo diálogo. O autor recorre ao diálogo para sustentar os três elementos centrais de moralização da sociedade, onde reside a ideia de saber comunicar devidamente com os outros e também consigo próprio, procurando saber se as minhas ações são viáveis. Logo o plano do diálogo reside na ideia de exame de consciência.

Para responder aos problemas de como moralizar a sociedade, são levantados três elementos centrais: Família, Direito e Escola. Ao falar da família, Mazula cita o Papa Francisco que a vê como uma instituição moralizadora ou comunidade de vida, de amor e respeito, à imagem da Família que é Deus. Afirma igualmente que a escola não substitui a família pois “é a família que se moraliza a si própria e à sociedade”.

A Escola por sua vez é um lugar de transformação social e emancipação. Neste sentido a Educação deve ser acessível a todos, para conseguirem transformar a sociedade em direção ao bem. A Escola capacita os indivíduos a questionar as normas e a lutar por mudanças sociais, promovendo a justiça e a igualdade.

Pode-se afirmar que ponto central do debate incidiu na ideia do Bem-Comum, onde Mazula nos propõe os três elementos: Família, Direito e Escola, que têm a pretensão de cultivar uma sociedade ligada à Educação Moral.

David Elias Nuvunga

Jovem do MJD

Mahotas – Moçambique

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