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É o momento de acompanhar as vítimas da eclosão da guerra civil em Mianmar.

Foi a 1 de fevereiro de 2021, quando os militares de Myanmar deram um golpe de Estado para tomar o poder. Começou a Revolução da Primavera, que ao princípio começou como uma manifestação pacífica, mas os militares dispararam cruelmente contra os manifestantes e muitas pessoas morreram. As jovens gerações deram-se conta de que necessitavam de uma «força de defesa popular» para proteger o povo e lutar contra a ditadura militar. Passaram-se mais de três anos desde que começou o caos político. A paz não voltou.

Na situação atual o povo de Myanmar continua a lutar contra o golpe militar. A guerra destruiu a vida das pessoas e as suas propriedades. A vida do povo no momento atual é de partir o coração. A guerra civil nacional que afetou incrivelmente a economia do país e a vida dos seus habitantes.

A minha cidade natal está numa zona de guerra. Quando regressei de férias, vi pessoas que haviam perdido as suas casas, assim como igrejas e pagodes destruídos. As famílias ficaram separadas e algumas perderam os seus familiares, tal como eu que perdi o meu irmão mais novo. Ao escutar as histórias e os gritos das pessoas, não tenho palavras para as animar, só posso escutar. As pessoas abandonaram as suas casas e optaram por viver longe nos bosques, evitando os disparos militares, os grandes bombardeios da artilharia e dos aviões em retaliação aos militares. Nenhum lugar é seguro, porque os militares disparam e enviam bombardeiros a toda parte, enquanto o povo corre de um lugar para o outro, procurando evitar os choques. Só na minha cidade existem mais de 150 campos de deslocados internos.

Nos dois meses que tive de férias, só pude chegar a cerca de 10 acampamentos para visitar e partilhar alguns bens com os deslocados. É difícil encontrar transporte e sente-se muito a escassez de alimentos devido ao seu elevado custo, há falta de medicamentos e um deficiente serviço educativo para as crianças. De facto, algumas crianças abandonaram a escola. É uma pena para os jovens e as crianças que perderam a sua educação e os seus sonhos.

Durante esses dias, o que me veio à mente foi recordar a presença missionária dos nossos fundadores nas selvas. Recordar como estavam com o povo.

 

«O que foi, voltará a ser; o que se fez, se voltará a fazer; não há nada novo debaixo do sol». (Eclesiastes 1:9). Já ouvimos que a história se repete, como as guerras, as crises, as revoluções, etc. …. O Carisma de há cem anos nunca estará fora de contexto, continua a ser relevante para o nosso tempo.   Um tempo para viver o amor e proteger a vida e para estar junto do povo que luta para libertar-se da opressão.

 

Myanmar é um país com um budismo florescente, existem pessoas que nunca ouviram falar de Jesus, a Boa Notícia a que somos chamados, e que necessita ser proclamada no meio do contexto em que a gente vive com medo, fome e desilusão. No entanto, esperançados e esperançadas em que termine a guerra, em que cesse a ditadura militar.

 

Obrigada, Senhor, por permitir-me conhecer pessoas de boa vontade que ajudam os mais pequenos dos nossos irmãos e irmãs necessitados. Obrigada pela oportunidade de ser missionária nestas circunstâncias. Cruzamos rios em canoas e balsas de bambu para chegar aos campos de deslocados internos. Resulta muito inspirador ver que, donde quer que estejam e em qualquer situação, constroem uma humilde capela para adorar a Deus.

 

[Como aparece nas fotos, se me encarregou dar palavras de alento e explicar as fontes dos bens doados. Misturei-me com crianças e famílias budistas, assim como com outro grupo de crianças católicas e as suas famílias].

Irmã da Comunidade Pingtung, Taiwan

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