«Que todos sejam um, como, Pai, Tu estás em mim e eu em Ti». (Jo 17: 21)
- Hnasmdro
- junio 19, 2024
- Experiências MDR
- 0
- 137
As nossas vidas têm uma série constante de finais e começos. Alguns destes finais chegam de repente ou de forma inesperada, outros são planificados e chegam gradualmente. Alguns são felizes. Alguns são tristes. Mas cada final nos dá oportunidade a um novo começo.
Antes de tudo, dou graças a Deus pela maravilhosa oportunidade de formar parte da grande família da Província de São Luís Beltrão em Filipinas. Estou agradecida às minhas Irmãs da Província de Santa Maria por me permitirem ter esta enriquecedora experiência no noviciado continental asiático. O meu agradecimento também à nossa Madre Geral, Ir. Raquel Gil e o seu Conselho por organizar este programa de noviciado comum das três províncias. Agradeço também a presença da Ir. Pilar Marcelino e da Ir. Virgínia Roy que permaneceram um ano na comunidade. O meu agradecimento muito especial às minhas duas queridas companheiras a Ir. Maria de Fátima Pui e a Ir. Rosa Maria Angeles, pelo amor constante e apoio durante toda a minha estadia em Filipinas. Não posso esquecer a todas as noviças de 2018 a 2024 pela sua presença na minha vida.
Ao recordar os seis anos transcorridos, vejo que o Reino de Deus está para além de nós e dos nossos esforços, como também da nossa visão. No transcurso da nossa vida só realizamos uma pequena fração da magnífica empresa que é a obra de Deus, mas nessa pequena fração nós, eu em especial, experimentamos a constante mão guiadora de Deus através da comunidade e do povo na missão. No Evangelho de Jo17: 21 Jesus disse: «Que todos sejam um, como, Tu Pai, estás em mim e eu em Ti». Este Evangelho demostrou ser verdade para mim na durante a presença na comunidade do Noviciado Continental Asiático, de modo muito especial à nossa relação entre três das nossas Irmãs Fátima, Rosa Maria e eu.
Trabalhámos com uma só mente e um só coração. Colaborámos e cooperámos umas com as outras, porque a nossa atenção não se centrava em nós mesmas, mas sim na missão de Deus. O que mais me gostou é que não existia competitividade entre nós; nos aceitávamos tal como somos, com as nossas fortalezas e limitações. Isso trouxe uma boa experiência de paz, alegria, confiança e fortes laços de amor entre nós e de maneira especial um bom exemplo para as nossas queridas noviças. Hoje vivemos num mundo caótico e competitivo, é muito triste que este mundo tenha também entrado em parte nas nossas comunidades religiosas. Mas o que trouxe a transformação nas minhas perspetivas é a boa liderança, a boa organização, a planificação e a posta em prática do planificado.
Conheci também culturas diferentes: Filipinas, Timor Leste, Myanmar e Vietnam… o seu modo de vida ampliou a minha visão. Experimentei a unidade na diversidade. Gosto da cultura e do povo filipino; são muito acolhedores, carinhosos e respeitosos. Aprecio o esparguete com folhas de papaia da comida timorense e a deliciosa sopa vietnamita e birmana. O meu coração está agradecido por todas estas maravilhosas experiências na minha vida.
Nestes seis anos de viagem pela vida, fui enriquecida com as interações de todos os que desempenharam um papel importante na minha vida. Algumas contribuíram com lições de aprendizagem, outras foram desafios, outros fortes laços de amor e confiança. Estou agradecida a todas.
Minha mensagem de despedida às minhas duas companheiras do poema de São Óscar Romero. “Plantamos as sementes que um dia crescerão. Regamos as sementes já plantadas, sabendo que encerram uma promessa de futuro. Sentamos as bases que necessitaram um maior desenvolvimento. Proporcionamos levedura que produz efeitos para além das nossas capacidades. Não podemos fazer tudo e há uma sensação de libertação ao dar-nos conta disso. Isto nos permite fazer algo e fazê-lo muito bem. Pode que esteja incompleto, mas é um começo, um passo no caminho, uma oportunidade para que a graça do Senhor entre e faça o resto. Pode que nunca vejamos os resultados finais, mas essa é a diferença entre o Mestre construtor e o trabalhador. Somos obreiros, não mestres de obras, ministros, não Messias. Somos profetas de um futuro que não é o nosso”.
Muita obrigada por tudo. Que Deus vos bendiga e vos dê todas as graças e a sabedoria que necessiteis para continuar esta missão de guiar as jovens no seu processo de discernimento e prepará-las para o seu compromisso.
Mensagem de despedida a todos as junioras e noviças com os que cruzaram comigo nestes seis anos. «Rema mar adentro». Evangelho de Lucas 5:1 uma ordem que Jesus dá aos seus discípulos; Uma manhã, depois de Simão Pedro, Tiago e João se terem «afanado toda a noite» e não terem pescado nada -nenhum peixe, só o seu próprio vazio -, Jesus se aproxima deles e convida-os para águas mais profundas, a «remar mar adentro». Fazem-no, e pescam tantos peixes, que a sua barca começa a fundir-se.
Convido a cada uma de vós a aceitar o convite de Jesus a remar mar adentro na vocação que tenhais elegido e seguir a Cristo; intimidade mais profunda com Ele, compreensão mais profunda de um mesmo conhecimento mais profundo da comunidade e, em geral, da Congregação. Muito obrigada e rezo para que permaneçais fiéis e perseverantes nesta santa vocação.
Por fim, cada uma de nós é enviada à terra com capacidades e talentos diferentes. Com os nossos talentos e capacidades únicas, podemos fazer uma contribuição significativa à missão de Deus neste planeta. O nosso fiel serviço como missionárias é uma oferta aceitável ao Senhor.
Muito obrigada
Ir. Pushpa Mecwan, OP