ENTREVISTA A KENIA MARGARITA ZORRILLA NIEVES

Primeira diretora leiga da Escola O Rosário, Seibo (República Dominicana)

 

Escola: O Rosário

Fundação: 1951

Estudantes: 683

Turmas: 21

Pessoal docente: 36

Pessoal de apoio e administrativo: 24

Como tem sido a tua trajetória como docente fora e dentro da Escola O Rosário?

Considero que a minha trajetória dentro da Escola O Rosário foi sempre de muito compromisso, dedicação e orientada ao estudante. Nestes 13 anos no centro tive a oportunidade de dar aulas desde o Pré-primário até à Oitava, o qual me permitiu ter um domínio das competências que requerem as crianças dos diferentes níveis, idades e caraterísticas, depois em setembro de 2019 assumi a coordenação pedagógica do primeiro ciclo até ao ano escolar 2022-2023. Ser coordenadora permitiu-me interagir de maneira distinta com os docentes, através da confiança e da comunicação para a melhoria dos processos educativos. Atualmente sou a diretora, um desafio profissional que me exige cada dia ser melhor. Tem sido um trajeto donde tenho ido de menos a mais. Considero-me uma apaixonada do meu trabalho.

Fora do centro, entendo também que tem sido uma trajetória responsável e colaborativa, pois na minha acção sempre tratei de deixar uma marca positiva onde quer que esteja. Desde pequena gostei de ser animadora comunitária, estar em clubes, coros, partilhar em família. Sou muito divertida, brincalhona e natural, mas também muito centrada e apegada aos valores e princípios com que cresci.

Como te sentes na nova função como diretora da Escola O Rosário?

Sinto-me muito afortunada e agradecida pela confiança que depositaram em mim as MDR. Recordo a minha infância nos corredores da escola, jogando ou na turma recebendo aulas com a professora Margarita Pablo Galán (Missionária Dominicana) e digo: “wao”, quem iria imaginar que essa menina hoje seria a diretora desta escola, e dou graças a Deus pelos talentos recebidos e pelos valores que me inculcaram, pois são os que guiam o meu fazer quotidiano.

 

Que desafios tiveste que enfrentar nesta nova função?

Foram vários, o primeiro é aprender a dizer “não” a muita gente que estimo, amigos, familiares, ex-alunos, vizinhos que acodem ao centro em busca de inscrição (do nível inicial a grande maioria) e não há vaga, já que a demanda é muita e não há espaço para todos.

Outro desafio é manter o prestígio e a marca educativa que ao longo dos anos foram deixando as MDR na cidade do Seibo, transmitir a todo o pessoal que trabalha no centro a identidade e os valores que nos caraterizam, que desde a sua fundação têm estado nas mãos das missionárias e agora me toca a mim trabalhar para que permaneçam.

Como vês o sistema educativo em República Dominicana?

Bom, dentro das falhas do nosso sistema educativo, está a pouca exigência desde o ministério às famílias, a escola não pode sozinha, as famílias devem envolver-se mais no processo de aprendizagem dos seus filhos e filhas. Atualmente as situações de violência e indisciplina são cada vez mais fortes nas escolas e sentimos que a família praticamente deixou tudo à escola.

Outra falha é com relação à inclusão, é necessário criar espaços onde as crianças com distintas necessidades educativas especiais, possam estar em escolas regulares, mas com as condições que necessitam para poderem conseguir progressos e com professores que tenham a preparação adequada para trabalhar com estas crianças.

Temos fortalezas, e sem lugar a dúvidas uma delas é a grande oferta académica para que os docentes se preparem e se mantenham atualizados. Há muitas bolsas de estudo nacionais e internacionais para diferentes pós-graduações, o que mostra o interesse para que o nosso país tenha docentes com altos níveis de desempenho.

Outra fortaleza são os recursos económicos que dispõem as escolas através da Descentralização. Isto permite que cada diretor junto da Junta do Centro possa satisfazer as necessidades da sua escola e por acréscimo elevar a qualidade dos processos pedagógicos, que é o principal fim.

 

Como escola das MDR que elementos devemos fortalecer para conseguir a nossa Missão e Visão?

Creio que um elemento que se deve fortalecer é o vínculo com as demais escolas MDR, já que ao interatuar de maneira direta e constante podemos fortalecer a nossa identidade e o enfoque do ensino que devemos dar às crianças em todas as atividades curriculares e extracurriculares.

 

Como te sentes sendo a primeira diretora leiga da Escola O Rosário?

Sinto-me feliz, comprometida e plenamente identificada com esta nova função, já que sou filha desta escola, aqui estudei, dei aulas, fui coordenadora e atualmente a diretora, estou mais que agradecida a Deus e à Congregação por me terem em conta, por todo o recorrido e pelo que me falta recorrer. Estou nas mãos de Deus e nada devo temer.

 

Qual crês que é a contribuição que oferece a Escola O Rosário à educação no Seibo?

A principal contribuição que como escola oferecemos à comunidade é a formação integral das nossas crianças que, desde o nível inicial até ao nível primário, são trabalhadas nos valores que como escola nos identificam, ”Estudo, Verdade e Trabalho” de mãos dadas com a disciplina, ainda que se torne cada vez mais difícil, como escola trabalhamos arduamente dia a dia, ombro a ombro para deixar uma marca positiva nas crianças, aspirando brindar uma educação de qualidade e isto a comunidade em geral o percebe e valoriza.

Agradeço a oportunidade de poder partilhar a minha experiência. Estou altamente comprometida com a possibilidade que me oferecem as MDR de contribuir para a minha comunidade através da minha gestão como diretora desta minha escola, onde tenho o desejo de fazê-lo bem, como diz Ascensión Nicol “Não basta fazer o bem, é necessário fazê-lo bem”.

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