O CONFINAMENTO E UM PRESENTE: A ESCOLA DE CUIDADO ÀS IRMÃS
- Hnasmdro
- setembro 7, 2020
- Experiências MDR
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Tenho a certeza que mais do que nunca, olhámos, ouvimos e cuidámos umas das outras… compensando o tempo perdido, que bom! Deus é bom! Se a atenção mútua foi mais intensa devido a esta pandemia, ainda o dizemos às nossas irmãs mais velhas e/ou mais doentes. Quando falo de pessoas mais velhas, devo salientar que estou em África onde a esperança de vida é de cerca de 40 anos, o que significa que passar essa idade é um golpe de sorte, passar os 50 anos é como ganhar um prémio, a partir dos 60 anos já se tem o estatuto de pessoa mais velha, quando se chega aos 70, já se vive os anos como um “bónus”. Na nossa província, que é muito jovem, a nossa primeira irmã mais velha é a Ir. Regina; estamos muito agradecidas a Deus por lhe ter concedido tantos anos de vida e esperemos que, desta forma, continuemos a desfrutar da sua presença que é a de uma irmã santa, aquilo que é conhecido por toda a Congregação. A sua saúde passou por um período de forte crise durante o período de confinamento. A pobre mulher, desde então, está a atravessar uma verdadeira crise. Um evento que nos tem apresentado muitos desafios:
- Avaliar o sistema de saúde do país. Em África é muito fraco; não é por falta de recursos humanos, não. Já sabemos que muitos filhos e filhas do continente são peritos fora dos seus países. Mas alguns, mais ousados, valorizam os conhecimentos e a tecnologia do Ocidente em benefício dos seus irmãos e irmãs, como aquele casal que é dono da fundação, onde cuidam da nossa irmã Regina.
- A modernização (no sentido de uma plataforma técnica) das estruturas de saúde existentes sob os nossos cuidados ou a criação de novas estruturas onde os mais pobres, entre nós, podem beneficiar de um tratamento de qualidade. Os ricos vão para a Europa, e os pobres? morrem.
- A segurança sanitária existe em teoria nos nossos governos, mas a realidade é diferente, não temos seguro a nível estatal e isso não nos beneficia em nada. No seio das Assembleias de Superiores Maiores dos nossos países, discutiram muitas iniciativas em conjunto neste sentido; talvez seja altura de o levar a sério e de se comprometerem com uma ou outra.
- A tradição: como muitas coisas em África, cuidar dos idosos também tem os seus “tabus”, por exemplo: os cuidados íntimos não podem ser feitos pelas próprias filhas, mas sim as suas irmãs em algumas aldeias, e em outras são as filhas pequenas que têm de o fazer. Qual é o significado disto na fraternidade que queremos construir? Deve ser bem pensado.
- A organização: o cuidado da nossa querida Irmã Regina desde janeiro deste ano entre o hospital e a casa fez-nos aprender a organizar-nos num projeto comum exercendo as virtudes necessárias para isso; tudo isso sem a pressão de outras tarefas comuns. Eu disse a mim mesmo: O quê? Aqui todos os jovens por um, o que contrasta com as nossas irmãs em Saragoça, Pamplona, Huesca… Com essa experiência, melhor, penso eu, podemos compreender o apelo a esta missão de atender as nossas irmãs mais velhas noutros lugares da Congregação.
- -Recursos humanos: dentro dos ramos da formação profissional em cuidados de saúde, existem também especialidades para o cuidado dos idosos, como por exemplo onde a jovem Dulecine, uma postulante em Yaoundé, estudou. Estas são coisas a pensar com a riqueza de mulheres professas que temos.
- Escola de sabedoria: o tempo que passamos ao lado da nossa amada santa é uma escola de resistência perante o sofrimento que por vezes passa por uma dor insuportável. Para onde quer que a sua saúde a leve, ela agarra sempre a sua pequena mala preta onde além de máscaras, tem o seu rosário, o seu missal diário, o seu breviário, o seu telefone para poder seguir a sua estação de rádio preferida, a Rádio Maria, entre outras; desta forma, ela está empenhada em manter o contacto com Deus com toda a sua força e afeto. Não lhe falta bom humor, de vez em quando somos surpreendidas pelo seu riso em voz alta! E como é que ela se preocupa com as outras irmãs? Pergunta sempre por cada uma e especialmente pelas suas favoritas, as jovens em formação. E quanto a nós? É tempo de nos prepararmos para esta etapa da vida, se ganharmos o prémio.
Agradeçamos ao Senhor pelo presente tão bonito da vida, aquilo que nasce, aquilo que cresce, aquilo que amadurece, aprendendo a cuidar dela, especialmente nos momentos de fragilidade pelos quais cada uma de nós passa. Agradeçamos a todas as irmãs mais velhas e/ou doentes por oferecerem diariamente os seus sofrimentos pela fecundidade do nosso apostolado; como esquecer todas as irmãs que, tanto de longe como de perto, sobretudo os nossos conselhos, gerais como provinciais, lutam para melhorar sempre a qualidade de vida das irmãs, especialmente das que sofrem e/ou das mais velhas.
Carine Wanko, Kinshasa