MISSIONÁRIAS DOMINICANAS DO ROSÁRIO – NICARÁGUA Vivendo de Esperança
- Hnasmdro
- julho 20, 2020
- Experiências MDR
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Os nossos mais sinceros cumprimentos, irmãs.
Desde Nicarágua queremos partilhar convosco algumas das experiências que nós, como irmãs, temos vivido ultimamente. Parte delas serão escritas e outras através de um vídeo que também lhes será enviado.
Estamos todas, como presença da Congregação neste país, a viver na esperança.
Como todas sabemos, a Nicarágua, que vive sob um sistema ditatorial desde 2018, está sujeita ao controlo, à perseguição, à ameaça, à morte, ao terror e à insegurança. De forma silenciosa e disfarçada de encontros entre grupos vândalos, a nação assiste a uma situação de morte de camponeses pelo exército. Desde essa data, temos um número significativo de presos políticos e inúmeras pessoas exiladas, sobretudo no país vizinho da Costa Rica.
A COVID-19 tem sido mais um elemento a favor do interesse pessoal e político do partido no governo. No início do vírus, o regime refugiou-se e protegeu-se dentro das quatro paredes da casa presidencial. Dedicou a sua quarentena à elaboração do seu plano estratégico, com o único objetivo de aniquilar o povo. Desde o início, escondeu a existência da pandemia no país, minimizando os efeitos do vírus. Promoveu atividades que colocavam a população em risco, motivando-a a passear nos parques, a aglomerar-se em manifestações políticas, a participar em festas e jogos de basebol nos estádios. Os centros educativos continuaram a lecionar normalmente e os estudantes, o corpo docente e sanitário foram forçados a não usar máscaras para não “alarmar o povo”, assim como nenhuma instituição estatal. Proibiu as clínicas privadas de fazer comentários sobre o vírus e realizar os testes à COVID-19. Tanto que muitos médicos foram despedidos por denunciarem a verdadeira situação. Pessoas que morreram devido ao vírus foram enterradas durante a noite e as suas certidões de óbito indicavam “Pneumonia Atípica” como a causa de morte, ocultando a verdadeira causa e forçando os membros da família a não comentarem. Entre os infetados e falecidos encontram-se médicos, advogados, jornalistas e, sem dúvida, pessoas da cidade. Os funcionários públicos foram forçados a continuar a frequentar os seus postos de trabalho.
Uma vez reconhecida a existência da pandemia a nível estatal, o que prevaleceu foi a declaração de dados falsos e incompletos, minimizando o número de pessoas infetadas e mortas. É por isso que a população ignora as verdadeiras estatísticas. O que é evidente é que os centros de saúde estão próximos do colapso.
Frutos da esperança:
- A Conferência Episcopal apelou à população para manter a quarentena e evitou ajuntamentos, realizando a Eucaristia virtualmente. Alguns bispos comprometidos com a população continuam a denunciar profeticamente a situação. Contudo, existem opiniões divergentes, uma vez que em algumas dioceses continuam a celebrar missas e promovendo procissões.
- Os médicos, orientando a população, apelaram à quarentena voluntária e denunciaram a realidade, apesar das consequências.
- Uma parte da população está a tentar proteger a vida na medida do possível.
- Algumas empresas privadas optaram pelo teletrabalho.
- Médicos e organizações estão a doar equipamento de proteção aos centros de saúde.
- A organização cívica nacional “Alianza Azul y Blanco” com os jovens dissidentes da luta heroica de 2018, acompanham a população através de campanhas de proteção contra o vírus e, com os poucos recursos que têm, disponibilizam máscaras aos vendedores de rua, que são os que apoiam a economia informal.
Como é que vivemos esta realidade enquanto Missionários Dominicanas do Rosário?
A partir de um sentimento de esperança e, ao mesmo tempo, com sentimentos mistos; com empatia pela dor dos outros e da escuta atenta das pessoas; gerando solidariedade a partir do conhecimento, partilhando o que temos. Mas, sem perder a visão do futuro imediato, estudando a realidade e participando em formações virtuais organizadas pela CLAR, CONFER e outras entidades; desafiadas e com perguntas: Como será a nossa vida e missão durante e após a pandemia?
Nós sabemos e acreditamos que Deus caminha com o seu Povo. Terminamos repetindo a frase do Salmo 91 (90):
“Ele livrar-me-á da peste que destrói” … e enviará a cura.
Cornelia Canahuí.
Nicarágua.
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